Ontem (18/04/2019), tivemos a palestra comemorativa da mais importante efeméride do Movimento Espírita Brasileiro: o dia do lançamento de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, aos 18 de abril de 1857, pelo Sr. Allan Kardec!
O Consolador Prometido estava presente no planeta terreno, tendo definido o seu marco histórico, no século XIX!
O nosso palestrante convidado, Júlio Cesar, da cidade de Arcoverde/PE, colaborador do NEASA - Núcleo Espírita Assistencial de Arcoverde, nos presenteou com uma empolgante palestra onde iniciou com a leitura do texto "KARDEC E NAPOLEÃO" (Vide texto ao final).
A palestra ressaltou o fato de um dos discípulos de Jesus ter voltado ao mundo, na figura de Allan Kardec, para cumprir uma espinhosa missão.
Concomitante ao aniversário de 162 de O Livro dos Espíritos, tivemos a presença de Valdete Falcão, que proferiu a prece de encerramento, presidente da Seara Espírita Chico Xavier que, na mesma data, completou 26 anos de fundação.
Para saber mais sobre a instituição, acesse o nosso menu CENTROS ESPÍRITAS e escolha a opção S.E. Chico Xavier ou clique diretamente aqui.
O exórdio da reunião foi foi por Thiago Lins, magnetizador do CEDE e a prece inicial por Wandenberg Libério.
Kardec e Napoleão
(Do livro Cartas e Crônicas, cap 28 - psicografia de F.C. Xavier- Espírito Irmão X) (1)
Logo
após o 18 Brumário (2) (9 de novembro de 1799),
quando Napoleão se
fizera o Primeiro Cônsul da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de
Dezembro de 1799, no coração da latinidade, nas Esferas Superiores, grande
assembleia de Espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada
significativa do novo século.
Antigas
personalidades de Roma imperial, pontífices e guerreiros das Gálias, figuras
notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera do expressivo acontecimento.
Legiões
dos Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês
e grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos
representantes das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de
destaque.
Mas
não somente os latinos se faziam representados no grande conclave. Gregos
ilustres, lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos,
recordando o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes
vultos da Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas,
sacrificadores das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana
e continuadores de Maomet ali
se mostravam, como em vasta convocação de forças da ciência e da cultura da
Humanidade.
No
concerto das brilhantes delegações que aí formavam, com toda a sua fulguração
representativa, surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que
voltariam à liça carnal ou que a seguiriam, de perto, para o combate à
ignorância e à miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e
da luz.
No
deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas
almas, achavam-se Sócrates, Platão, Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano
Bruno, Tomás de
Aquino, S. Luís
de França, Vicente
de Paulo, Joana
D’Arc, Teresa
d’Ávila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Milton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighieri para
mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre e, em plano
menos brilhante, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem
inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame
Roland, André
Chenier, Bailly,
Camille Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.
Depois
da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram
na direção do Plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava
o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custódia de esclarecidos
mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes,
confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo.
Era
um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização
Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos:
À
frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes.
Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu
característico.
Recebido
por diversas figuras de Roma antiga, que se apressavam em oferecer-lhe apoio e
auxílio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora
preparada.
Entre
aqueles que o seguiam, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis
autoridades reencarnadas no planeta, como Beethoven; Ampère, Fulton, Faraday, Goethe, John Dalton, Pestalozzi,
Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da
independência do mundo.
Acanhados
no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os
recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O
primeiro Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a
extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões,
limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de
modo diverso, como se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso
infinito…
Imediatamente
uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se
ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.
Em
alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres
humanos, nimbados de claridade celestial.
Dentre
todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante
brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo,
cheio de atração e doçura: Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se
de sublimes cintilações…
Musicistas
invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num
cântico de hosanas, sem palavras articuladas.
A
multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e
guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários
arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.
Foi
então que o grande corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com
dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se,
genuflexo, diante dele.
O
celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava
abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e
doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou
para Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:
—
Irmão e amigo, ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do
apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada
um novo ciclo de conhecimento…
César
ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da
luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra
renascente!…
Aqui
se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das
Gálias, generais e soldados que te acompanharam nos conflitos da
Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes
das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com
simpatia e expectação… 23 Antigamente,
no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e
aniquilar os inimigos… Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma
ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou
voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de
que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos
iniciar.
Colocado
pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da
Revolução, não olvides o mandato para o qual foste escolhido.
Não
acredites que as vitórias das quais foste investido para o Consulado devam ser
atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor
expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem
ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não
arrojes aos precipícios da tirania e da violência!…
Indicado
para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo
que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do
poder.
Não
te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte…
Lembra-te
de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil,
é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício. Não te
macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus
compromissos com o exclusivismo e com a vingança!…
Recorda
que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério
espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e
vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do
perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu
glorificado sólio de sabedoria e de amor!
Se
honrares as tuas promessas, terminarás a missão com o reconhecimento da
posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas
responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre
as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto…
Novas
concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a
indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro
e o tráfico de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento
que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem
perdão!…
Confiamos,
pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o
Senhor te abençoe!…
Cânticos
de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e,
enquanto o Espírito da
Verdade, seguido por várias coortes resplandecentes, voltava para o
Alto, a inolvidável assembleia se dissolvia…
O
apóstolo que seria Allan
Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao
peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio
leito.
Em
3 de Outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de
Lião, mas o Primeiro Cônsul da República Francesa, assim que se viu
desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e
de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne,
confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de
poder, proclamou-se Imperador, em 18 de Maio de 1804, ordenando a Pio VII
viesse coroá-lo em Paris.
Napoleão,
contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi
apressadamente sitiado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa
Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a
própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e
desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina
missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que,
gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime
renascença da luz para o mundo inteiro.
________
1 - Pseudônimo do escritor maranhense Humberto de Campos que, quando encarnado, também escrevia com o pseudônimo de Conselheiro XX;
2 - Brumário: Nome do 2º mês do ano (22 de outubro a 21 de novembro) no calendário da Revolução Francesa;
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